-Você acredita em mim? Porque eu acredito em você cada vez mais.
- Calma, você primeiro tem que esperar eu responder. Eu acredito sim!
- De verdade?
- Nossa, por que você sempre faz isso?
- Isso o que?
- Sempre testando o que eu digo.
- Acho que é porque no fundo eu duvido...
- Duvida de mim ou de você?
- Boa pergunta. Não sei, acho que de... nós?
- Sabia! peguei você! Você mente!
- Não, eu não minto! Por que diz isso?
- Você perguntou se eu acredito em você, eu disse que sim e você também disse que acredita em mim. Então por que não acreditar em nós? Acho que na verdade você não acredita nem em mim e nem em você.
- Tem razão. Esquece. Sabe o que é? Eu tenho medo.
- Medo do que?
- De você ir embora.
- E o que acontece se eu for embora?
- Se você for, vai ficar tudo triste de novo.
- Mas você não disse que acredita em você?
- Disse! O que que tem?
- Se você acredita mesmo, não tem que ter medo do que vai embora. Sempre que alguém vai embora, se a gente fica, chora, sofre, mas depois se recompõe. Organiza tudo, diz um sim para a vida, que logo logo tem gente chegando de novo.
- Entendi. E você quer ir embora?
- Não! Não agora, não por hora. Mas... se você sufoca, se não acredita em você, nem em mim, se não acredita em nós, então faz um laço frouxo com medo de apertar demais. Não tem o que ser feito.
- Tem razão. Então se quiser, fica mais um pouco. Vou arrumar a casa, transbordar o que tem no peito, sacudir a poeira, plantar flores, regar o jardim, preparar um bom café, cuidar mais de mim, escrever uns poemas, conhecer alguns lugares, conversar com outras pessoas...
- Nossa, isso é muito bom!
- Também estou achando. Um último favor. Segura um pouco minha mão enquanto eu aprendo a me amar e também te amo?